Era uma vez...
Uma fábula que tinha Um pote de mel e muito sal, Um ninho com uma andorinha, Uma quimera e um pardal. Que paixão tão bela, a dos passarinhos Como se coisas maiores fossem prováveis! Que chilrear tão doce, o dos papelinhos Que levam recados urgentes e formidáveis. Ele tinha boas sementes de marido E ela o poder da carochinha à janela! Era perfeito o que astros tinham unido: Um Príncipe grego e uma Cinderela! Tão bem que se dão os seus santinhos Sob fumos quentes, estrelas e o luar! Tanto se pediram a Deus, os passarinhos, E agora este não os quer sacramentar! Era uma terra fértil, quente e molhada, Coberta de sorrisos, toros de lenha e fé, Que ardeu alegre até não ficar nada Além de chávenas vazias de tudo e café! Era só um trago, um salto na fogueira, Um enigma inocente, apenas mais um, Como quem não quer levantar poeira Ou chegar prometido a lado algum! Se não sou teu ou tu és minha, É porque o destino tinha por missão Costurar embriagado com forte linha Uma nódoa de rum naquela paixão!